No cenário econômico do Brasil, a Taxa Selic tem influência direta sobre o custo do crédito e o comportamento de consumidores e empresas. Entender essa relação é essencial para tomar decisões financeiras mais conscientes.
A Selic, sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, é a taxa básica de juros da economia brasileira definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil.
Como principal instrumento de política monetária, a Selic atua no controle da inflação e manutenção do sistema financeiro.
Além disso, ela serve como referencial para as demais taxas de juros praticadas por bancos em empréstimos, financiamentos e cartões de crédito.
Entre março de 2024 e julho de 2025, observou-se uma trajetória crescente da Selic, atingindo seu patamar mais alto em quase duas décadas.
O nível de 15% ao ano, mantido até novembro de 2025, é o maior desde julho de 2006, quando a Selic estava em 15,25%.
Projeções do mercado indicam manutenção dos 15% até o final de 2025, com redução gradual para 12,25% em 2026, 10,50% em 2027 e 10,00% em 2028.
As previsões para 2025 estipulam inflação em torno de 4,55%, ainda acima da meta oficial, e 4,20% para 2026.
O crescimento do PIB deve ser de 2,16% em 2025 e 1,78% em 2026, refletindo ritmo moderado da atividade econômica.
Em relação ao câmbio, projeta-se média de R$5,41/US$ em 2025 e R$5,50/US$ no ano seguinte, considerando cenários de estresse e recuperação.
No mercado imobiliário, o número de novos contratos caiu significativamente em 2025, pois os juros altos encareceram os financiamentos.
No setor automotivo, as taxas médias de financiamento passaram de 11% para 14% ao ano, reduzindo a venda de veículos zero-quilômetro.
Famílias estão adiando reformas e compras de eletrodomésticos, priorizando a quitação de dívidas existentes.
Empresas do ramo da construção civil registraram queda na concessão de crédito imobiliário, afetando geração de empregos e estoques.
Apesar do cenário, o crédito bancário cresceu 11,5% em 2024 e a emissão de títulos privados avançou 30%, impulsionados por maior renda e inclusão financeira via fintechs.
O principal desafio será alinhar a redução gradual da Selic com a estabilidade dos preços ao consumidor, evitando choques que deteriorem a confiança.
Caso a inflação persista acima da meta sem sinais claros de reversão, é possível que o Copom mantenha os juros elevados por mais tempo.
Por outro lado, um recuo acelerado nos preços pode abrir espaço para cortes antecipados da taxa básica de juros.
É fundamental acompanhar indicadores de inflação, decisões do Copom e o cenário externo e pressões inflacionárias internas para ajustar estratégias de crédito e investimentos.
Referências